Estrela brasileira no céu azul

Carlos Brickmann (*)

Sim, já houve época em que Varig, Panair, Vasp, Transbrasil e TAM eram embaixadoras do Brasil no Exterior. Respeitadas internacionalmente, era em seus escritórios que os brasileiros no Exterior liam jornal e tomavam cafezinho; eram seus pilotos que traziam remédios do Exterior, sem frete.

Hoje, que o governo federal se orgulha de ter transformado o Brasil em pária entre as nações, podemos voar livremente, ou quase livremente, para oito países: México, República Centro-Africana, Nauru, Tonga, Costa Rica, Afeganistão e Albânia. Senhores passageiros, sejam bem-vindos a seus destinos de comércio e de turismo e tenham uma boa viagem pela Bolsonair!

Temos oito destinos dos quais dois valem a pena. E 217 países restringem a entrada de passageiros vindos do Brasil. Nada ideológico: Europa Unida, Estados Unidos, Rússia, China, Cuba, Argentina, Chile, Canadá, Inglaterra, Israel, Irã, Turquia impõem sérias restrições aos viajantes provenientes de nosso país tropical.

Este colunista passou por diversas fases em voos internacionais: a fase Pelé, a fase samba-mulher-futebol, a fase da ditadura militar, a fase Amazônia, e até, surpreendentemente, uma fase Jorge Amado, em que a Europa intelectual discutia a opção menos partidarizada de seus romances.

A fase atual – “bote esse cara na quarentena e cobre adiantado” – me era desconhecida. O Brasil era pobre, mas o brasileiro era bem recebido. Hoje o brasileiro, vetor de vírus, é mal recebido. E o Brasil continua pobre.

(*) Carlos Brickmann é jornalista, consultor de comunicação e colunista.

Dê-me sua opinião. Evite palavras ofensivas. A melhor maneira de mostrar desprezo é calar-se e virar a página.