José Horta Manzano
Ah, ninguém segura esses estagiários que escolhem facilidade aparente na hora de traduzir!
Este blogueiro é do tempo em que, quando alguém recebia violento golpe emocional, ficava arrasado. Podia também dizer que tinha ficado abalado ou abatido.
O que fica devastado é um prédio atingido por um míssil, uma cidade após um terremoto, um pasto depois do estouro da boiada. Gente devastada? Não é comum.
Talvez o cérebro do tradutor tenha ficado devastado com a leitura de tanto press-release (=pressa de soltar, em tradução livre).
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Mas precisa ter pressa, se não, periga chegar ‘too late’ (muito leite).
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Falando sério, dá para escrever um livro sobre os incontáveis casos de erro de tradução nos jornais, filmes e até na literatura – como em uma cena de duelo de um filme em que um oponente diz ao outro “You unspeakable cad!” [tratante, canalha] e na dublagem descobre-se que ele teria dito “Seu gato malvado!” [o tradutor ouviu cat em vez de cad]; ou, em outro caso de um livro, no trecho que descreve a sala em que os fatos se passam e se faz referência às persianas [Venetian blinds] fechadas, lê-se que os “cegos venezianos”….
Ontem, por coincidência, zapeando, assisti a um trecho de um filme chamado de Atentado em Paris, ou coisa que o valha, no qual a fala dublada do policial informa os telespectadores de que o atentado havia ocorrido no bairro de Montmartrê (certamente copiando o sotaque americano). É de morrer de tristeza…
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Uma vez, tive um chefe que dizia “You get no more than what you pay for”. É verdade. No Brasil, os que fazem esse trabalho de tradução hão de estar sendo mal pagos.
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