José Horta Manzano
Nas aulas de catecismo, a gente aprendia que inveja era pecado feio, daqueles de mandar direto pro purgatório. Será que a meninada ainda tem aula de catecismo? Ou será que, do batismo, pulam direto ao pagamento do dízimo? Pouco importa – o fato é que inveja continua sendo, no mínimo, defeito do qual a gente deve se preservar. Ainda que, em certos momentos, não seja fácil seguir o preceito.
Será que o telefone celular do distinto leitor já foi algum dia invadido? Ou, como se costuma dizer atualmente, macaqueando a sintaxe inglesa: Será que o distinto leitor já ‘teve seu celular invadido’? De qualquer maneira que se pergunte, a resposta será mui provavelmente negativa. Não, nem o distinto leitor, nem este blogueiro jamais fomos atormentados por piratas informáticos.
É natural. Somos gente normal. Os ataques têm sido dirigidos contra extraterrestres tais como: deputados, ministros, procuradores, juízes, desembargadores, governadores, senadores. Até o presidente da República entra da lista das vítimas. Pelo que li, a turminha simpática de Araraquara pirateou a corte e os fidalgos de nossa maltratada República. Foi um amplo arrastão que derrubou todos os que ofereciam algum interesse aos piratas.
Só fico pensando naqueles que não foram pirateados. Já pensou? Com todos os seus colegas, conhecidos e vizinhos na lista dos atacados e você… neca! Ai, ai, ai. Deve dar uma inveja de roer unha. Imagine só: fica patente a desimportância do sujeito. Nem um piratinha de Araraquara se interessa por ele. É de doer.
Existe uma solução radical pra acabar de vez com esse problema. Basta renunciar ao celular. Dizem que não é fácil. Tenho até notícia de cursos, com personal coach e tudo, que cobram (caro) por um estágio de uma semana em período integral, sem smartphone. Parece que o vício desaparece. Os graduados da República vão ter de passar por isso. É a contrapartida exigida daqueles que subiram ao Olimpo. Ou será que têm intenção de continuar dizendo asneiras ao telefone?