José Horta Manzano
Você sabia?
Feitiço para transformar criança em passarinho
Ingredientes:
Penas de pássaro preto, água benta e uma colher de alpiste.
Antídoto:
O feitiço dura apenas uma hora e não há antídoto para ele. Melhor esperar passar o tempo.
Modo de fazer:
Arranque as penas do pássaro preto enquanto ele estiver cantando. Use um pequeno caldeirão para misturar a pena, um pouco de água benta e uma colher de alpiste. Enquanto mexe, repita: “passarinho quer pousar, não deu, quebrou a coluna”.
Estarrecido, distinto leitor? Também eu fiquei.
Acha que essa lição de crueldade é delírio de minha imaginação satânica? Está enganado.
Acredita que seja tradução mambembe de secular lenda mongol? Continua enganado.
Pois saiba que essa receita – abominável excrescência de imaginação primitiva e doentia – é parte integrante de um kit chancelado pelo Ministério da Educação. O material está sendo distribuído a crianças de seis, sete anos.
A denúncia, feita em plena campanha eleitoral, não recebeu atenção da grande mídia. Quem a lançou foi um deputado goiano, ao saber que a cartilha estava sendo distribuída aos aluninhos da rede municipal de Goiânia. O parlamentar pronunciou-se no dia 26 de agosto em sessão plenária da Assembleia de Goiás.
É inconcebível. O MEC – órgão da administração federal encarregado da política nacional de educação de nossos pequerruchos – que ensina as crianças a fazer e a se livrar de feitiçaria! Foge ao entendimento o fato de, num país onde se salvam pinguins e araras, outros pássaros estarem sendo condenados a ser depenados vivos, “enquanto cantam”. Sugestão emanada do MEC, dependência direta da presidência da República!
Sabemos todos que o Brasil vem descendo a ladeira, mas, sinceramente, não imaginava que a regressão tivesse chegado a tal ponto. Se bem que há coerência: o MEC ensina hoje aos pequeninos o caminho da feitiçaria para que, amanhã, estejam preparados para conviver com a magia de nossa inefável ‘contabilidade criativa’.
Segundo Fábio Sousa, o deputado que revelou a prática, esse kit não é o primeiro nem o único. «Existe uma cartilha que conta a história de um bebê que mata a família com uma faca» – informa o parlamentar. E acrescenta que material de ensino do MEC inclui «diadema com chifres, chapéu de bruxa, peruca, unhas de mentira, cálice de caveira».
Em outras terras, uma revelação desse calibre derrubaria imediatamente o ministro da Educação. Mas Brasil é Brasil. E vamos em frente, que “nóis é mais nóis”.
O apocalipse ensombreia a civilização brasileira.
Fontes:
Revolta Brasil
Portal do Meio Ambiente
Portal Ucho
Lorotas políticas & verdades efêmeras
Minha torcida é para que se encontre uma feitiçaria para responsabilizar ministros enquanto eles estão no cargo. Se algum dia ela aparecer, provavelmente o ministro vai declarar que não sabia que coisas desse tipo estavam sendo feitas. Talvez o ministro da Educação não saiba ler, quem sabe, ou não tenha tempo para perder com leituras infantis.
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Não vale o ministro alegar que não sabia. É compreensível que o titular não esteja a par de todas as práticas de seu ministério. Justamente para isso, está lá uma parafernália de assessores, responsáveis de gabinete, chefes de secção, encarregados, auxiliares, delegados, agentes, gerentes, superintendentes, olheiros, controladores e o escambau. São pagos com nosso dinheiro.
Se cartilhas – com ‘nihil obstat’ do ministério! – encorajam crianças de seis anos a praticar atos de crueldade contra animais indefesos, o ministro não pode se esquivar. É fácil demais dizer que «não sabia de nada». Essa desculpa esgarçada, que já ouvimos antes, nada mais é que biombo para ocultar a cobardia.
Quando o ministro não é capaz de controlar seu próprio aparato, a porta da rua é o caminho mais curto e mais certo. E a mencionada cartilha, assim como suas congêneres, tem de ser imediatamente banida. E com pedido de desculpas por parte da autoridade federal, faz favor.
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