José Horta Manzano
O melhor conselho que se pode dar ao Papa Francisco ― se é que cai bem dar conselho a um papa ― é que procure pisar leve. Ele anda caminhando por terreno minado. A Cúria e o establishment vaticano estão se sentindo incomodados com a falta de cerimônia do pontífice. Quando se sacode o abacateiro, algum abacate pode até nos cair na cabeça. E dos grandes.
Por detrás do ar circunspecto e dos gestos suaves e compungidos dos cardeais que administram as burras e os segredos do Vaticano, há muito mais do que possa imaginar nossa ingenuidade. Interesses financeiros gigantescos, relações perigosas com grupos de reputação sulfurosa.
O Washington Post adverte que as reformas promovidas pelo papa estão deixando «muito nervosos» os capi (chefões) da organização mafiosa ‘Ndrangheta(*). Esse bando de criminosos, ativos na Calábria, são considerados ainda mais violentos que os mafiosos sicilianos.
Se facilitar, Papa Francisco poderá passar para a História como Francisco, o Breve. Seria um desperdício.
(*) Para quem faz questão de pronunciar bem.
Nessa palavra, os italianos põem o acento tônico na primeira sílaba. Portanto, pronuncie drângueta, como lâmpada, cândida, cânfora.