José Horta Manzano
Um jornalista italiano do Corriere della Sera entrevistou estes dias Serguêi Márkof. O entrevistado, que foi conselheiro pessoal de Putin de 2011 a 2019, dirige hoje o Instituto de Estudos Políticos de Moscou. Conhece muito bem o ditador.
Quando o entrevistador, curioso, lhe perguntou que critérios Putin adota para escolher ministros, assessores e auxiliares, respondeu: “É simples. Ele põe sempre a pessoa errada no lugar certo. Assim, no final, quem decide tudo é ele mesmo.”
Pode parecer engraçado, mas temos no Brasil um presidente que faz igualzinho. Em cargos importantes, bota sempre gente que não entende do riscado, assim quem acaba decidindo é ele mesmo. Já repararam?
Lembre-se do Pazuello, o “especialista em logística” que, em plena emergência sanitária nacional, cometeu o irreparável: despachou respiradores para o estado errado.
Não se esqueça do Salles, o ministro do Meio Ambiente que se mancomunou com uma máfia de madeireiros marginais.
Tenha em mente o Milton Ribeiro, ministro da Educação até outro dia, que andou metido com venda de verbas oficiais contra barras de ouro.
A lista de incapazes que cercaram (e ainda cercam) o presidente é longa como prontuário de delinquente recidivista.
Ah! O Bolsonaro tem outra característica putiniana. Além de tomar a si todas as decisões, decide mal, exatamente como o russo. Ainda agora acaba de vetar verba para a Cultura, mostrando que continua firme no propósito de perenizar o atraso da nação. Sua decisão foi tão mal tomada quanto a do colega Putin, com sua desastrada invasão do país vizinho, seguida de feroz mordaça na mídia do país.
Tanto o capitão quanto o ditador russo tentam seguir métodos soviéticos em pleno século 21. Não se dão conta de que o mundo mudou. Num universo mergulhado na internet, em que a informação circula, é evidente que métodos stalinianos não funcionam mais.