O espetáculo de grand-guignol exibido pelo governo Jair Bolsonaro neste fim de ano ofende qualquer norma de civilidade. Pouco tem de humano o espécime que cavalga jet skis da Marinha, visita parque de diversões e joga na Mega-Sena da Virada enquanto uma parte do país pede socorro.
O Brasil já teve um leque bastante improvável de chefes de nação – inclusive a galeria militar cujo programa de manutenção no poder incluiu matar adversários políticos. Ainda assim, Jair Bolsonaro consegue ser único – seu ostensivo desprezo pelo povo que governa, pela dor do outro, é maníaco. E lugar de maníaco é no manicômio, não na Presidência da República.
(*) Dorrit Harazim é jornalista. Trecho de artigo publicado no jornal O Globo de 2 jan° 2022.