A Eurocopa e seus nomes

José Horta Manzano

Já a caminho das quartas de final, a Eurocopa 2016 tem quebrado alguns recordes. Até agora, cada partida teve, em média, 1,6 gols ‒ o número mais baixo desde mil novecentos e nada. A crise anda feia. Estão economizando até gols, o sal e a pimenta do esporte. A continuar assim, teremos de decretar vitória por pontos, como no boxe.

Algumas curiosidades já apareceram. A Irlanda venceu a Itália, uma das favoritas. A Islândia, considerada a equipe mais fraca, empatou com Portugal e com a Hungria. E venceu a Áustria. Dizem que trinta mil islandeses ‒ dez por cento da população do país! ‒ estão na França para torcer pela seleção.

A torcida islandesa

A torcida islandesa

Como de costume, o nome de certos jogadores, especialmente do leste europeu, são impronunciáveis. E alguns até soam engraçado. Na categoria dos trava-línguas, notei dois poloneses imbatíveis: Błaszczykowski e Jędrzejczyk, nomes reservados para iniciados. Se sua língua ainda estiver inteira, tente pronunciar Srna, sobrenome do capitão do time croata. Dá impressão de que está faltando um pedaço, não?

Um caso curioso em que o selecionador, figura respeitada, tem sobrenome combinando com a função é o do treinador croata. O homem se chama Cacic. Pra cacique nenhum botar defeito.

Entre os engraçados, selecionei alguns. O time croata conta um atacante que corre o tempo todo e tem nome apropriado: chama-se Vida. Conta também com um fortíssimo jogador, atualmente no Barça, que leva o desesperador nome de Rakitic.

O polonês Błaszczykowski

O polonês Błaszczykowski

A República Tcheca nos brindou com um certo Kolar, uma pérola. Sem esquecer Plasil, tiro e queda para jogos enjoativos.

Na Albânia, o selecionado Cana jura de pés juntos nunca ter recebido propina na vida. Nessas horas, seu colega Sadiku deixa escapar um sorrisozinho malandro.

A seleção italiana tem um jogador rapidíssimo, daqueles que se reservam para entrar só no fim da partida, quando a decisão está por um fio. Leva sobrenome um tanto incongruente: Immobile. Também da Itália é o jogador Pellè, sobrenome que se pronuncia exatamente como o apelido de Edson Arantes do Nascimento.

A Turquia já abandonou o torneio. Eliminados no primeiro turno, os jogadores já voltaram pra casa. Também, pudera. Com um goleiro chamado Babacan, não tinha como ir pra diante.

O croata Plasil

O croata Rakitic

Importados
Na categoria made in Brazil, a Eurocopa 2016 não fez feio. Tivemos o alagoano Pepe, naturalizado português; o mineiro Guilherme, naturalizado russo; e ainda Thiago Alcântara, filho de paraibano, que nunca foi italiano embora tenha nascido quando o pai era jogador na Itália, e que acabou se naturalizando espanhol.

Isso tudo sem contar os que já nasceram com dupla cidadania, como o catarinense Eder e o paulista Thiago Motta que jogam pela seleção italiana. Tem mais um: o paranaense Thiago Rangel Cionek, que evolui no time polonês.

O francês Louis Picamoles

O francês Louis Picamoles

Nota picante
Diferentemente do que acontece na Grã-Bretanha, na Austrália, na Nova Zelândia e na Argentina, o rugby não é popular no Brasil. O esporte da bola oval é rude, ríspido, violento, próprio pra quem não tem medo de se machucar. É bastante difundido na França, país que conta com um dos melhores jogadores do mundo apesar do sobrenome incômodo. Chama-se Picamoles. O distinto leitor há de se lembrar que o «s» final não é pronunciado em francês.

Um pensamento sobre “A Eurocopa e seus nomes

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