José Horta Manzano
A desventura da maior montadora de automóveis do planeta, a Volkswagen, não se resumem ao baita arranhão que sua imagem levou com a fraude que andaram cometendo (veja post de ontem, logo aqui abaixo). As dores de cabeça tampouco se encerram com a multa bilionária que terá de ser paga a autoridades americanas.
Há mais. Jornais brasileiros pouca importância deram à notícia, mas na Europa falou-se no assunto. A Volkswagen do Brasil anunciou, semana passada, ter aberto inquérito interno para apurar acusações que lhe são feitas de ter colaborado ativamente com a ditadura militar brasileira (1964-1985).
Antigos funcionários da firma revelaram fatos escabrosos à Comissão Nacional da Verdade que, por sua vez, formalizou acusação contra a montadora. Os queixosos alegam ter documentos devastadores provando que a empresa havia montado um verdadeiro Estado policial em suas dependências para deter, interrogar e até torturar suspeitos de subversão ao regime então vigente.
Os lesados – ou seus herdeiros – exigem reparação financeira. É possível que um acordo financeiro possa evitar longo litígio por danos morais e materiais.
Como eu dizia ontem, desgraça pouca é bobagem. Não será a Volkswagen que me contradirá.
A notícia saiu na mídia alemã. Repercutiu na imprensa francesa. No Brasil, poucos veículos fizeram eco. O Jornal do Brasil foi um dos poucos a dar a notícia, assim mesmo citando a imprensa alemã.