José Horta Manzano
A União Europeia foi criada com um objetivo maior: evitar a guerra. Martirizada por dois conflitos de proporções bíblicas, os europeus se uniram para assegurar que loucuras daquele tipo nunca mais se repetiriam.
O intento foi alcançado. Se conflitos houve, foram regionais e não contaminaram o continente. Mas a união trouxe efeitos colaterais benéficos e consideráveis. Um deles, do qual os europeus nem sempre se dão conta, é a padronização de inúmeros aspectos das atividades humanas. São regras comuns que facilitam a vida.
A uniformização é abrangente. Vai de voltagem da corrente elétrica até formato de folhas de papel. Milhares de diretrizes têm sido editadas. Algumas delas são obrigatórias para todos os países, outras não. Entre as facultativas, está a uniformização das placas de identificação de veículos a motor.
Muitos países europeus adotaram grandes linhas normalizadas: letras pretas sobre fundo branco. No entanto, cada país tem liberdade de determinar a combinação de números e letras.
O
O resultado, às vezes, é curioso. França e Itália decidiram-se pelo mesmo padrão: duas letras, seguidas por três números e por duas outras letras. O acaso faz que um automóvel matriculado na Itália possa ostentar placa idêntica a um outro, matriculado na França. Já houve gente levando multa cometida por outro automobilista.
Nosso Mercosul tem-se mostrado inábil para resolver conflitos comerciais –frustrando o objetivo para o qual foi criado. No que se refere à identificação de automóveis, faz mais de quatro anos que se determinou a padronização das placas. A ideia é que todas elas sigam a mesma combinação. Cada país terá um lote de letras e números reservados, a fim de evitar o risco de placas repetidas.
Acho uma excelente ideia. Com todos os problemas que temos, não acredito que venha a ser posta em prática tão já. Está previsto para 2016, vamos ver. Se (e quando) entrar em vigor, teremos dado um passo à frente dos europeus. Nesse aspecto, pelo menos, seremos pioneiros.
Fonte: O Globo






