José Horta Manzano
Você sabia?
Meus distintos e cultos leitores hão de conhecer a estranha palavra inglesa handkerchief, que corresponde a nosso lenço. Assim, de cara, o termo nem parece inglês. Leva mais jeito de ser alemão ou holandês. A palavra tem origem divertida. Vem por caminho surpreendente.
Na Alta Idade Média europeia, todos andavam de cabeça coberta. Fosse de dia ou de noite, dentro ou fora de casa, cobrir a cabeça fazia parte do ritual. Mal comparando, corresponde ao telefone que (quase) todos levam hoje no bolso. Indispensável.
A palavra latina caput, que reaparece no italiano capo e no português cabeça, é chef em francês. Para designar aquilo que cobre a cabeça, os franceses da Idade Média diziam couvre-chef – literalmente cobre-cabeça. Servia para chapéu, touca, boné, pano, o que fosse.
Quando o exército do francês Guilherme, o Conquistador, venceu os ingleses na Batalha de Hastings (1066), suas tropas ocuparam e dominaram a Grã-Bretanha. Considerados mais refinados, os costumes dos invasores passaram a ser imitados pelos autóctones. Foi assim que uma enxurrada de palavras latinas entraram no léxico inglês: por intermédio do francês falado na região da Normandie. Entre as palavras adotadas, aparecia couvre-chef.
Os camponeses britânicos não conheciam a peça que hoje conhecemos como lenço. Quando necessário, faziam como faz todo jogador de futebol: assoavam o nariz nos dedos, chacoalhavam a mão com elegância e enxugavam algum eventual perdigoto na roupa. Uma finura.
Os invasores normandos, que tinham passado a constituir a casta dominante, carregavam um pedaço de pano que fazia as vezes de lenço. Era um notável avanço no asseio nasal. Admirativos, os ingleses mais endinheirados logo aderiram à moda. Naturalmente, a objeto novo, dá-se nome novo. Como chamá-lo?
Tomaram a referência que lhes era mais familiar. O trapo lembrava um pano de cobrir cabeça. A diferença era que não ia em cima da cachola, mas na mão. Sem problema. Passou a ser designado como cobre-cabeça de mão, ou seja, hand couvre-chef.
O povão, incapaz de pronunciar couvre-chef, popularizou a forma handkerchief, que usamos ainda hoje.
Muito interessante! Cobre cabeça de mão… então, veio a curiosidade de saber porque o nosso, do português Brasil, ficou sendo assim, simplesinho e genérico: lenço. Tem idéia?
Pesquisa bem superficial minha, nem se equipara ao aqui já relatado: LENÇOL – seu nome deriva do Latim linteolum, “pano feito de linho”, de linum, “linho” (tanto a planta quanto o tecido feito dela).
Do resto a chegar em lenço, dá pra fazer algumas deduções. Mas, o usual hoje, é lenço de papel…
Grande abraço José Horta Manzano!
CurtirCurtir
Pingback: … enquanto isso no BrasilDeLonge | Caetano de Campos