José Horta Manzano
Um dia, um sábio pergunta a seus discípulos:
“Por que as pessoas gritam quando estão bravas?”
“Gritamos porque perdemos a calma”, diz um deles.
“Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?”, insiste o mestre.
“Para ter certeza de que a pessoa vai nos escutar”, atalha outro discípulo.
Após alguns segundos de silenciosa reflexão, o mestre volta a dirigir-se aos discípulos: “Então, em certas ocasiões, não é possível falar em voz baixa?”
Algumas tentativas de explicação surgem, mas nenhuma convence o pensador. Ele dá, então, sua visão sobre a questão:
“Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? É que, quando dois brigam, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância precisam gritar. Se não o fizerem, periga até não se escutarem mutuamente. Quanto mais bravas estiverem, mais forte terão de gritar para ouvir um ao outro. Quanto maior for a distância, mais alto terá de ser o grito.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito próximos. A distância entre elas é pequena. Às vezes seus corações estão tão próximos que os dois nem precisam falar, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso ainda, não necessitam sequer sussurrar. Apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É o que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.”
Por fim, o pensador conclui:
“Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não pronunciem palavras que os distanciem, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.”
Alguns dão o militante pacifista e dirigente indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) como criador dessa fábula. Outros hesitam em atribuir-lhe a autoria. No fundo, tanto faz. São palavras sábias, e isso é o que conta.
.
Cortesia de Cláudio Mauro Machado, velho e fiel amigo.

