José Horta Manzano
Mais uma vez, volto ao assunto. É sempre bom repisar. Costumamos confundir profissão e função, que são duas realidades diferentes.
Profissão, mormente quando tiver sido adquirida por formação (eventualmente confirmada por diploma), tem caráter permanente. Faz parte do indivíduo. Ainda que ele quisesse, não poderia se livrar dela.
Quem completou curso de torneiro mecânico será torneiro mecânico pelo resto da vida, ainda que não exerça a profissão. O mesmo vale para o médico, o alfaiate, o padeiro, a parteira, a enfermeira.
Função é o nome do cargo ocupado, é o trabalho que o indivíduo exerce. Pode (ou não) empatar com sua profissão.
Um engenheiro de profissão pode estar exercendo função de sorveteiro. Nem por isso deixará de ser engenheiro.
Um advogado eleito deputado exercerá o cargo político sem que possa ser chamado de «ex-advogado». Já quando deixar a política, aí sim, será «ex-deputado», porque deputado não é profissão mas função.
A chamada do jornal fala em «ex-músicos», o que é um disparate. Um músico, ainda que, por algum motivo, se tenha afastado do instrumento, sempre músico será.
Mais um reparo sobre a chamada do jornal: por que «terceira idade»? Ninguém diz «primeira idade» nem «segunda idade», pois não? Então por que a terceira? Vamos dar nome aos bois. Jovem, adulto e velho. O termo “velho” não me parece ofensivo. Ainda assim, há quem prefira “idoso”. Ok, idoso, vá lá, ainda passa. Mas “terceira idade”, convenhamos, é de amargar…
A chamada ficará melhor se disser: «Mansão vira casa de repouso para músicos idosos».