José Horta Manzano
Um repórter do Estadão foi destratado pelo presidente do STF. Quem pulou o capítulo pode se atualizar aqui.
É verdade, não cai bem. Aliás, cai muitíssimo mal que um homem culto, poliglota, maduro, experiente se abandone a explosões desse jaez. Certas frases podem até passar quando pronunciadas por um joão qualquer. Quando saídas da boca do maioral de um dos três poderes da República, a repercussão é, naturalmente, tonitruante.
Um provérbio árabe diz que «há três coisas que não se consegue trazer de volta: uma flecha lançada, uma ocasião perdida, uma palavra pronunciada».
Uma vez feita a besteira, restam três saídas.
A primeira é fingir-se de morto, expediente muito em voga no Brasil. Os que elegem essa via afirmam coisas do tipo: «Não é comigo, não tenho nada a ver com isso, eu não sabia de nada, não sei do que você está falando».
A segunda saída é minimizar o acontecido, solução também bastante utilizada. Neste caso, a argumentação se contrói com frases tais como: «Mas o que é isso? Eu não disse nada demais. Fiz o que qualquer um faria no meu lugar. Não vamos perder tempo com picuinhas. Não vejo por que tanta gritaria por tão pouco».
A terceira foi aquela à qual recorreu nosso ministro. Reconheceu o excesso e pediu desculpa pelo erro.
Erros, cometemos todos. O que mostra o caráter de quem escorregou na maionese é o caminho que escolhe para se safar da enrascada.
O ministro Barbosa optou pela saída mais honrosa. Como dizem os franceses, «faute avouée est à moitié pardonnée», erro confessado já está meio perdoado.(*)
Escolheu o caminho certo. Mas, cá entre nós, quem tem temperamento explosivo deve se policiar. Há momentos em que calar é ouro. Ou não?
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(*) O provérbio inglês correspondente é: “a fault confessed is half redressed”.