Preparando a paz da Ucrânia – 2a. parte

José Horta Manzano

(Este post dá sequência à primeira parte, publicada aqui abaixo)

Ao preparar a cúpula, a Suíça estava preocupada com o risco de o encontro parecer um convescote entre ricos. Logo na abertura dos trabalhos, a presença de 57 chefes de Estado, 92 Estados e 8 organizações internacionais desfez esse receio de parecer clube fechado. Países do chamado “Sul Global”, com intervenções importantes e pertinentes enriqueceram os debates.

Luiz Inácio perdeu excelente ocasião para reparar suas cruéis declarações do passado recente. Um discurso seu teria tido o dom de mostrar que, no fundo, o presidente do Brasil não não é aquele sujeito insensível que o mundo imagina, mas é um homem preocupado de verdade com a paz mundial e com o sofrimento que os conflitos causam a todos.

A fala de William Ruto, presidente do Quênia (África Oriental), poderia perfeitamente ter sido pronunciada por Lula. Ao abrir seu discurso, Mr.Ruto logo deplorou o “horrível espetáculo e a carnificina” que representa a guerra na Ucrânia lançada pela Rússia em 2022. Mas usou como exemplo os numerosos conflitos que castigam o planeta – Sudão, Chifre da África, Oriente Médio – para mostrar preocupação com a governança mundial. Falou ainda da falta de fertilizantes e da explosão dos preços que os países menos ricos têm de pagar por causa de uma guerra que não é a deles.

Luiz Inácio voltou do G7 de mãos abanando. Foi à festa dos ricos, mas nem levou presente, nem voltou com um pratinho de doces.

Algumas horas de presença sua na reunião dos que buscam a paz na Ucrânia teria sido mais útil para o mundo e mais gratificante para ele mesmo.

Da próxima vez, quem sabe.

Dê-me sua opinião. Evite palavras ofensivas. A melhor maneira de mostrar desprezo é calar-se e virar a página.