José Horta Manzano
A Copa 2022 tem mostrado as belezas do país anfitrião, o Catar: rios de dinheiro, prédios futuristas, residências suntuosas, carros de alto luxo, metrô novo em folha, ruas rigorosamente limpas.
Mas toda moeda tem seu lado B. Por trás da fachada de país acolhedor, vão chegando notícias do elevado nível de intolerância que permeia a sociedade catari.
Todos os que exercem funções subalternas são imigrantes permanentes ou temporários. Apesar das negativas oficiais, sabe-se que são maltratados e explorados.
Pessoas do espectro LGBT não são toleradas: são proscritas. O regime controla até mensagens passadas por internet a fim de perseguir, prender e espancar todos os que se enquadram nesse perfil. Para viver livremente sua sexualidade, a pessoa gay, lésbica, bi, trans & alia só tem um remédio: deixar o país e exilar-se no estrangeiro.
A Alemanha decidiu dar uma alfinetada no regime monolítico e intolerante. O avião que levou a Mannschaft (a Seleção Alemã) ao Catar foi pintado com a frase “Diversity Wins” – A diversidade vence.
Não há esperança de que esse protesto isolado consiga desencruar uma sociedade que enricou mas não aprendeu a se abrir para o mundo. Mas cada gesto, por singelo que seja, vai levando uma pedra à construção da ponte que um dia permitirá aos cataris se liberarem das regras medievais que os oprimem.