O barquinho vai

José Horta Manzano

Em tempos normais, o Thurgau – barco comercial suíço de 47m de comprimento por 9,5m de largura – leva passageiros para passeios turísticos no Lago de Constança (em alemão: Bodensee), na fronteira entre a Suíça e a Alemanha.

Nestes tempos de pandemia, viagens turísticas estão complicadas, tanto por restrições impostas pelo governo como também por mera escassez de turistas. As autoridades propuseram, e a companhia de navegação aceitou, dar novo préstimo ao Thurgau: foi transformado em vacinódromo.

Bastou uma reforminha à toa pra dar ao barco ares de hospital de campanha. Esta semana, ele começou a receber os idosos (75 anos e mais) que se inscreveram para a vacinação. À diferença de outros locais fixos, que não saem do lugar e obrigam pacientes com dificuldade de locomoção a viajar quilômetros, este vacinódromo vai de encontro aos velhinhos. À noite, desliza sobre as águas mansas do lago e atraca num dos numerosos portos da margem suíça. De manhã, já está pronto pra receber nova leva de vacinandos. E assim por diante, de porto em porto, segundo o programa. Achei uma ideia muito prática. Simples e útil.

Não sei como nosso estratego da Saúde Pública (aquele mago da logística) está organizando a vacinação no país. Para alívio de todos, é provável que tudo esteja sendo planejado estado por estado. Melhor assim.

Assim mesmo, fica aqui a ideia, se é que alguém já não pensou nisso: a criação de vacinódromos ambulantes que vão ao encontro dos pacientes. Se não for viável fazer de barco, também vale utilizar ônibus, veículo mais adaptado às condições brasileiras. Há que ter em mente que há Brasil além dos grandes centros. Os habitantes dos rincões também têm direito a ser imunizados.

4 pensamentos sobre “O barquinho vai

  1. Surpreendentemente, muitos estados se comprometeram a vacinar os idosos com dificuldades de locomoção nas próprias casas. Há também um sistema drive-thru para atender quem pode contar, é claro, com um carro particular para se locomover. Na Amazônia, já há muito tempo, há embarcações com equipamentos médico-hospitalares para socorrer as populações ribeirinhas mais pobres. Por outro lado, nunca disseram o que se pretende fazer com os velhinhos mais desassistidos moradores das periferias de pequenas cidades interioranas: ônibus, paus-de-arara, vans escolares?

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    • Fico feliz em saber que tantas providências já foram tomadas. É reconfortante. Gostaria de saber como está sendo feito o controle de quem já tomou vacina vs. quem ainda está na fila. Será pelo CPF assistido por um sistema nacional integrado?

      Aqui é fácil, dado que todo o mundo tem endereço registrado na prefeitura de onde mora. Cada cidadão recebe, por correio, um convite personalizado. Mas aí?

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      • Pelo que sei, cada vacinado recebe um cartão indicando o tipo de vacina tomada, local, dia e hora e agendamento para receber a segunda dose. Já as listas oficiais de cada prefeitura parecem ainda estar sendo feitas à mão (para serem posteriormente digitalizadas, já que por decreto devem ser enviados diariamente ao Ministério da Saúde os dados para serem consolidados nacionalmente)

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