Na prática…

… a teoria é outra.

José Horta Manzano

Apareceu estes dias uma notícia surpreendente: o Partido Socialista Brasileiro deu-se conta, de repente, de que a plataforma de seu candidato à presidência da República ― um certo senhor Campos ― diverge consideravelmente do programa partidário.

Impensável em países onde a política é bem estruturada, essa situação não comove ninguém no Brasil. Plataforma política se adapta aos ventos do momento. Não combina com o programa do partido? Que não seja por isso: modifique-se o programa. É exatamente isso que a mencionada agremiação política fará nas próximas semanas.

Proletários de todos os países, uni-vos!

Proletários de todos os países, uni-vos!

Realmente, não fica bem, em pleno século XXI, um programa de partido pregar a «socialização dos meios de produção». Soa pra lá de démodé. Chega a ser patético no ponto em que propõe a eliminação de «um regime econômico de exploração do homem pelo homem».

O manifesto do partido atinge o ápice do irrealismo quando preconiza a «transferência gradativa ao domínio social (entenda-se ao Estado) de todos os bens passíveis de criar riquezas». É mole?

Esse quiproquó vem demonstrar, se ainda fosse necessário, a inutilidade dos partidos políticos no Brasil. Visto o divórcio entre a teoria programática e a prática do dia a dia, os partidos são meros balcões de negócios onde uma revoada de indivíduos ― dentes longos e unhas afiadas ― disputam os bens da Viúva.

Dê-me sua opinião. Evite palavras ofensivas. A melhor maneira de mostrar desprezo é calar-se e virar a página.