Faltam palavras

José Horta Manzano

Como sabem todos os meus leitores, que são gente estudada, a Lua, nosso único satélite natural, gira em volta da Terra. Entre outras particularidades, esse interessante corpo celeste tem duas notáveis.

Com relação à Terra, é um satélite de tamanho fora das normas. De fato, nenhum dos planetas de nosso sistema solar possui um satélite de dimensões tão imponentes – com relação à massa do planeta. Se nossa Lua seguisse o padrão satelitar do sistema solar, nós a enxergaríamos como um pequeno ponto luminoso no céu noturno, pouco maior que uma estrela.

Outra particularidade da Lua é nos mostrar sempre a mesma face. Gira, gira, gira, passam os meses e os séculos, e sempre vemos o mesmo lado. Até cinquenta anos atrás, antes da era espacial, ninguém sabia como era o outro lado de nosso satélite. Agora todos sabem. Foguetes chineses estão até pousando do lado de lá.

É por isso que o lado que não se vê daqui se chama face oculta. Os encarregados das chamadas da Folha parecem ter fugido da aula de Geografia de dona Pasqualina. Chamam a face oculta de “lado afastado”.

Procure ensinar a expressão correta a seus filhos, netos, sobrinhos e outros rebentos, antes que eles cresçam sem palavras para descrever o mundo que os cerca. Triste, não?