Poliglotismo

José Horta Manzano

Faltam menos de duas semanas para o apito inicial do primeiro jogo do Campeonato do Mundo de Futebol. O silvo vai ecoar justamente na cidade de São Paulo. Tirando o jogo em si, que, por definição, ainda tem de ser encarado como evento futuro, é razoável esperar que toda a preparação já tenha sido feita.

Surpreendeu-me um artigo do Estadão deste sábado, obra de Adriana Ferraz. A moça informa que os motoristas de táxi de São Paulo que falam algum outro idioma além do português terão selos de identificação colados no para-brisa dianteiro. Reparem no futuro: terão. Donde, conclui-se que, no momento em que os visitantes estrangeiros mais apressados já começam a apontar na esquina, os taxistas paulistanos ainda não dispõem da marca distintiva.

O atraso na identificação dos não monoglotas não estará, imagino eu, ligado à abundância dessas criaturas. Mais acertado será atribuir a demora ao vezo nacional de enfrentar problemas às cinco para a meia-noite do dia do vencimento.

Taxista bilíngue

Taxista bilíngue

Com todos os congressos, simpósios, reuniões, encontros, colóquios internacionais que a maior cidade do País costuma acolher a cada ano ― com «Copa das copas» ou sem ela ― parece-me inacreditável que as autoridades competentes só tenham acordado agora, instigadas por meia dúzia de jogos de futebol.

Essa marca de consideração básica para com o visitante estrangeiro deveria fazer parte da paisagem urbana desde que aportou o primeiro turista vindo de fora do país. E digo mais. Melhor fariam os (assaz raros) taxistas bilíngues se se agrupassem numa associação ou cooperativa. Uma vez sua existência conhecida por hotéis, firmas internacionais e organismos que acolhem estrangeiros, teriam sucesso garantido.