Viemos todos de algum lugar

Mauro Vieira com Ignazio Cassis, ministro suíço das Relações Exteriores

José Horta Manzano

Mês passado, Mauro Vieira, nosso chanceler, estava na Europa em viagem de trabalho. Passando pela Suíça, foi recebido pelo ministro de Relações Exteriores, Ignazio Cassis. Não sei se o que ocorreu em seguida já estava combinado entre os dois ou se foi improvisado.

Foram os dois de passeio numa pequena cidade da Suíça de expressão alemã. O burgo de 15 mil habitantes se chama Solothurn (que alguns traduzem em português com o estranho nome de “Soleura”). Mas, afinal, o que estariam fazendo dois chanceleres numa cidadezinha sem nenhuma expressão no xadrez mundial?

É que nosso chanceler se chama Mauro Iecker Vieira. Não parece, mas atrás desse pouco comum Iecker, aportuguesamento do original alemão, se esconde um tradicional Jecker, sobrenome suíço da região de Solothurn.

É isso mesmo: pelo lado materno, doutor Mauro Vieira descende de imigrantes suíços, originários do vilarejo de Erschwil (menos de 1000 habitantes), situado na região de Solothurn. Por fome, falta de perspectiva numa Suíça então paupérrima, seus longínquos ascendentes emigraram 150 anos atrás em busca da terra prometida.

Aportaram no Brasil e seguiram o caminho dos demais imigrantes: acabaram se amoldando à nova pátria e (quase) esquecendo a terra de origem. Sobrou o nome de família como marca de um passado de luta.

Dê-me sua opinião. Evite palavras ofensivas. A melhor maneira de mostrar desprezo é calar-se e virar a página.