José Horta Manzano
Estava pondo ordem numa gaveta quando encontrei uma manchete graciosa. Foi publicada pelo Estadão em agosto do pré-diluviano 2018, num momento em que Lava a Jato, Moro e Dallagnol estavam na crista da onda. Era um tempo em que muita gente fina ainda acreditava que Bolsonaro, então em campanha, seria um presidente limpo, que acabaria de vez com a corrupção no mundo político.
Como um farol da nação, o xerife Dallagnol, hoje caído em desgraça, se permitia distribuir conselhos ao eleitorado nacional. Recomendava que “ninguém votasse em envolvidos em delações ou inquéritos”.
O mundo dá voltas. Cinco anos depois desse episódio, entalado até o pescoço sob o peso de inquéritos e condenações, Dallagnol abandonou a carreira, entrou para a política, foi eleito, acabou destituído. Continua esperneando, mas sabe-se que não terá sucesso em recobrar o mandato perdido.
Os conselhos que ele dava eram bons e continuam válidos. O chato é que o ex-procurador passou para o outro lado do espelho e agora também faz parte dos candidatos a serem evitados. Pisou no pé de muita gente e vai ser difícil se redimir.
O presunçoso que ousa dar diretivas à nação sem estar capacitado acaba se estrepando. Nada como um dia depois do outro.
