Bolinha de papel

José Horta Manzano

Bola papel 1Dia 26 out° 2014, assim que voltei da secção eleitoral onde voto, em Genebra, postei um artigo. Quis dar vazão à indignação que tinha sentido ao ser abordado, à porta do local de voto, por um bando de militantes em pleno exercício do que chamamos boca de urna, prática proibida no Brasil.

Pra ser honesto, não é que o fato me tenha perturbado. O que me enfureceu foi o modus operandi dos atores. Explico. Fazer proselitismo, tentar convencer o próximo de que nossa maneira de ver o mundo é melhor que a dos outros é natural e aceitável. Faz parte da democracia.

Sinceramente, não acredito que algum eleitor mude seu voto por ter recebido um santinho na entrada da cabine. Não me oponho, em princípio, ao exercício de boca de urna. O que me enfurece é ver proselitismo financiado pelo dinheiro do contribuinte.

Jornal 3Foi o que aconteceu em Genebra. O bando de militantes ‒ todos devidamente paramentados de vermelho e enrolados em bandeiras estreladas ‒ distribuíam santinhos de dona Dilma. Bastava olhar rapidamente os manifestantes pra entender que eram gente simples, sem meios de encomendar e pagar do próprio bolso aquela montanha de material de propaganda.

A conclusão era evidente: eram mercenários a soldo do partido. De lá pra cá, ficamos sabendo dos bilhões que têm sido sistematicamente roubados nos últimos anos. Por simples dedução, conclui-se que aquelas bandeiras tinham sido fabricadas e transportadas à custa de nossos impostos. Sem contar diárias, alimentação e eventuais passagens aéreas dos companheiros. Dá muita raiva.

Bola papel 2Leio hoje que, em sua primeira viagem internacional, o novo chanceler José Serra dirigiu-se à Argentina, parceiro importante do Brasil. À entrada da embaixada do Brasil, três dezenas de militantes esperavam por ele. Mandaram-lhe uma chuva de… bolinhas de papel. A notícia não informa se os que protestavam estavam paramentados com bandeira e bonezinho vermelhos.

Fica a desagradável desconfiança de que tenham sido teleguiados diretamente de Brasília por partidários da presidente afastada. Faz parte do jogo, que fazer? Sintomático é constatar que, à falta de argumentos, resta à militância agredir desafetos com bolinhas de papel.

Interligne 18fNota final
Eram bolinhas confeccionadas com páginas da edição espanhola do prestigioso jornal Le Monde Diplomatique. Em matéria de santinho, não resta dúvida, o nível dos protestos se sofisticou.

Um pensamento sobre “Bolinha de papel

  1. Inacreditável o que a máquina do PT consegue aprontar! Meu total apoio por haver protestado bravamente contra os que faziam boca de urna em Genebra, a eleita só poderia ter dado no que deu! Atenção, nós contribuintes continuamos pagando as despesas da presidente afastada posto ser direito adquirido. Loucura!

    Curtir

Dê-me sua opinião. Evite palavras ofensivas. A melhor maneira de mostrar desprezo é calar-se e virar a página.