Maître Corbeau, sur un arbre perché,
tenait en son bec un fromage.
Maître Renard, par l’odeur alléché,
Lui tint à peu près ce langage:
«Hé! Bonjour, Monsieur du Corbeau.
Que vous êtes joli! Que vous me semblez beau!
Sans mentir, si votre ramage
Se rapporte à votre plumage,
Vous êtes le Phénix des hôtes de ces bois!»
A ces mots le corbeau ne se sent pas de joie;
Et, pour montrer sa belle voix,
Il ouvre un large bec, laisse tomber sa proie.
Le Renard s’en saisit, et dit: «Mon bon Monsieur,
Apprenez que tout flatteur
Vit aux dépens de celui qui l’écoute:
Cette leçon vaut bien un fromage, sans doute.»
Le Corbeau, honteux et confus,
Jura, mais un peu tard, qu’on ne l’y prendrait plus.
Senhor Corvo, numa árvore empoleirado,
Segurava no bico um queijo.
Dona Raposa, pelo odor atraída,
Dirigiu-lhe mais ou menos estas palavras:
«Olá! Bom-dia, senhor Corvo.
Como sois bonito! Como pareceis belo!
Sem brincadeira, se vosso gorjeio
For semelhante à vossa plumagem,
Sois a fênix dos habitantes deste bosque!»
Ao ouvir isso, o corvo não cabe em si de contente;
E, para mostrar sua bela voz,
Abre o grande bico e deixa cair a presa.
A raposa se apodera dela e diz: «Meu caro senhor,
Aprendei que todo bajulador
Vive à custa daquele que o escuta:
Essa lição vale bem um queijo, sem dúvida.»
O corvo, envergonhado e confuso,
Jurou, já meio tarde, que não o apanhariam mais.
Jean de Lafontaine (1621-1695), poeta francês.
Para ouvir a leitura do texto original, clique aqui.
Pelo menos esse parece ter aprendido a lição.
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